24 de novembro de 2024 00:29

Sucesso do programa de ‘carros populares’ leva montadoras a pedirem ao governo mais recursos para manter descontos

Montadoras pediram mais R$ 20 milhões ao governo para subsidiar a venda de carros de até R$ 120 mil. Restam apenas R$ 80 milhões para o programa de “desconto patrocinado” acabar

 

 

 


 

 

As montadoras pediram mais R$ 20 milhões ao governo federal para subsidiar a venda de carros “populares” (de até R$ 120 mil) nos últimos dois dias, e agora faltam apenas R$ 80 milhões para o programa de “desconto patrocinado” acabar um indício de que o fim está bem próximo.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) já liberou R$ 420 milhões dos R$ 500 milhões disponíveis, segundo balanço atualizado na manhã desta sexta-feira (23). Os R$ 20 milhões a mais foram pedidos pela Renault e pela Nissan (R$ 10 milhões cada uma).

A FCA Fiat Chrysler (que inclui a Jeep) segue como a montadora que mais teve dinheiro liberado pelo governo: R$ 170 milhões (40% de todos os créditos tributários concedidos). A Volkswagen aparece na segunda posição (com R$ 60 milhões), e agora a Renault se isolou no terceiro lugar (R$ 50 milhões).

Peugeot/Citroën e Hyundai vêm empatadas na sequência (R$ 40 milhões cada uma), e a Nissan se igualou à General Motors – Chevrolet na sexta colocação (R$ 20 milhões cada uma). Na “lanterna” do programa estão as outras duas japonesas, Honda e Toyota (R$ 10 milhões cada uma).

A informação consta no painel do MDIC sobre a MP 1.175, do “desconto patrocinado” para a compra de veículos “sustentáveis”, atualizado às 8h55 desta sexta-feira. Para as outras categorias, a verba liberada continua em R$ 140 milhões para ônibus (46% dos R$ 300 milhões reservados ao setor) e R$ 100 milhões para caminhões (apenas 14% dos R$ 700 milhões disponíveis).

O governo considera a Jeep como parte do grupo FCA Fiat Chrysler (junto com a Fiat) e a Peugeot e a Citroën como uma só montadora. Mas as quatro empresas fazem parte do mesmo grupo automotivo: a Stellantis. Já a General Motors (GM) do Brasil é a dona da marca Chevrolet.

O painel do MDIC tem dados produzidos e atualizados pela área técnica da pasta, com informações detalhadas do volume de recursos liberados pelo governo, das montadoras participantes e dos modelos e versões de veículos disponíveis inclusive para caminhões e ônibus.

Créditos tributários liberados pelo MDIC, de acordo com a MP 1.175 (que subsidia a compra de veículos sustentáveis):

  • Carros: R$ 420 milhões (84% dos R$ 500 milhões destinados à categoria);
  • Ônibus: R$ 140 milhões (46% dos R$ 300 milhões reservados);
  • Caminhões: R$ 100 milhões (14% dos R$ 700 milhões disponíveis).

Exclusividade para pessoa física

O governo federal decidiu nesta semana prorrogar por mais 15 dias a exclusividade para as pessoas físicas no programa. A medida frustrou a expectativa de empresas e locadoras de veículos como a Localiza e a Movida, que aguardavam a liberação do governo, mas só poderão fazer parte do programa a partir de 6 de julho (se a verba não acabar até lá).

A prorrogação ocorreu em meio à alta procura dos consumidores pelos carros com “desconto patrocinado” do governo. O movimento nas concessionárias chegou a mais do que triplicar na primeira semana de descontos, segundo a Fenabrave, e já há pressão para o governo ampliar a verba destinada para o programa.

Até SUVs mais caros

As montadoras já inscreveram 266 versões de 32 modelos no programa até o momento, segundo o MDIC. Os descontos patrocinados pelo governo vão de R$ 2 mil a R$ 8 mil por veículo, mas as empresas podem aplicar descontos adicionais por conta própria (o que está ocorrendo).

A Jeep, por exemplo, reduziu o preço do Renegade em até R$ 15 mil para entrar no programa e ganhou mais R$ 4 mil de subsídio do governo (e, com isso, o preço da versão Sport caiu R$ 19 mil). Outras montadoras fizeram o mesmo com outros SUVs, para se aproveitar do programa.

As empresas estão incluindo no programa até modelos fora de fabricação, como o Volkswagen Gol (que foi o carro mais vendido do país em 27 dos 40 anos em que foi produzido), e anunciando descontos em modelos que não fazem parte da medida, como a Caoa Chery, com o Tiggo 5X, e a Fiat, com a Toro (veículos que custam mais que R$ 120 mil).

Pressão por mais subsídio

O governo está subsidiando:

  • Veículos de passeio: de R$ 2 mil a R$ 8 mil por veículo (até o limite total de R$ 500 milhões);
  • Caminhões e ônibus: de R$ 33,6 mil a R$ 99,4 mil por veículo (até o limite de R$ 700 milhões para caminhões e R$ 300 milhões para ônibus);

Para definir os “descontos patrocinados” dos automóveis, o governo considerou três fatores: preço, eficiência energética e “densidade industrial” (quantidade de peças do veículo produzidas no Brasil). Cada critério tem uma pontuação e, quanto maior a soma total desses fatores, maior o desconto no carro.

Para caminhões e ônibus novos, os descontos aumentam conforme o preço dos veículos (quanto mais caro, maior o subsídio). Podem ser adquiridos caminhões leves, semileves, médios, semipesados e pesados e ônibus urbanos e rodoviários.

Para participar dos descontos para caminhões e ônibus, a pessoa (ou empresa) tem de entregar à concessionária um veículo com mais de 20 anos de uso, que será encaminhado a recicladoras cadastradas nos Detrans.

Há pressão no governo para ampliar a verba destinada aos carros, pois os R$ 500 milhões devem acabar muito antes mesmo dos 30 dias previstos pela Anfavea (associação das montadoras). Em meio ao lobby das montadoras, há declarações divergentes das autoridades sobre a ampliação ou prorrogação do programa inclusive do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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