Até sexta-feira (10), haverão atividades para conscientizar os pais sobre a importância da triagem neonatal; rede pública do DF é referência nesse exame
Para aprimorar cada vez mais os profissionais de saúde e conscientizar as famílias sobre a importância do teste, a Secretaria de Saúde (SES) promove, a partir desta segunda-feira (6), a Semana Distrital do Teste do Pezinho, que terá atividades até sexta (10). Esse será o primeiro encontro multidisciplinar com pais e pacientes.
Segundo o chefe do Laboratório de Triagem Neonatal da Unidade de Genética do Hospital de Apoio de Brasília (HAB), Vitor Araújo, a rede pública de saúde no DF é referência na América Latina em teste do pezinho ampliado. “Quando fazemos qualquer estudo para ampliação ou consultas sobre os testes, só conseguimos referências semelhantes às nossas na Austrália, Estados Unidos e em alguns países da Europa”, explica.
“Enquanto no Brasil o teste do pezinho só apresentava sete patologias, o laboratório do Hospital de Apoio já identificava 30”Alexandre Lyra, diretor-geral do Hospital de Apoio
Há mais de dez anos, as crianças nascidas nos hospitais públicos do DF têm acesso ao teste ampliado capaz de diagnosticar patologias e assim evitar complicações, sequelas e até óbitos. Nesse período, foram feitos 526.481 testes. Atualmente, o exame ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) identifica 47 doenças e está em processo para que ainda neste ano sejam 53.
“Enquanto no Brasil o teste só apresentava sete patologias, o laboratório do Hospital de Apoio já identificava 30”, afirma o diretor-geral do Hospital de Apoio, Alexandre Lyra. A unidade é especializada em triagem neonatal. “Em virtude também do diagnóstico de doenças raras, o Hospital de Apoio é referência.”
Coleta
Vitor Araújo lembra que, conforme as máquinas são modernizadas, a unidade também amplia as possibilidades de diagnósticos. “O teste que é ofertado na rede pública é até mais completo do que o disponível na rede privada padrão e está disponível de forma gratuita”, ressalta.
Quando uma criança nasce em uma maternidade da rede pública, a coleta para o exame é feita no próprio hospital. No caso da rede particular, o exame pode ser feito ainda com 30 dias de vida do bebê, mas o ideal é que a coleta seja processada do terceiro ao quinto dia. Para isso, os pais precisam levar o recém-nascido a uma unidade básica de saúde (UBS), que estará apta para o procedimento e encaminhará o material ao Hospital de Apoio.
“O sangue é coletado e enviado para o laboratório; quando é identificada alguma alteração, a equipe faz uma busca ativa para falar com a família e começar o acompanhamento”, informa a médica Kallianna Gameleira, referência técnica distrital (RTD) de Triagem Neonatal.
Qualidade de vida
Os filhos da pedagoga Renata Barbosa Silva, 36 anos, nasceram com hiperplasia adrenal congênita, doença que se não tratada pode levar a óbito ainda no primeiro mês de vida. Em 2012, o problema foi diagnosticado no primeiro filho, Eduardo. Ao perceber a alteração, os médicos do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) iniciaram o tratamento quando o menino tinha apenas cinco dias.
“O diagnóstico do pezinho é importantíssimo, é algo que muda o caminho natural da doença. A gente consegue prever uma patologia e antecipar o tratamento, reduzindo a mortalidade infantil e possíveis sequelas”Kallianna Gameleira, referência técnica distrital (RTD) de triagem neonatal
Os procedimentos precoces foram fundamentais para a sobrevivência e a qualidade de vida de Eduardo. “Até ele completar três meses, a gente o levava toda a semana para coletar novos exames”, conta Renata. Atualmente com 9 anos, o menino continua o tratamento, com acompanhamento e medicação a cada oito horas.
Quando chegou o segundo filho, Erich, a família já estava ciente da condição genética que o bebê poderia apresentar. Mesmo tendo nascido em um hospital particular, ele foi encaminhado ao Hospital de Apoio, onde o teste foi feito em caráter de urgência e garantiu também o diagnóstico precoce.
“A qualidade de vida que meus filhos têm hoje é por conta do teste do pezinho”, conta a pedagoga. “Eles fazem atividade física como qualquer outra criança, como judô, capoeira, jiu-jitsu. Estão bem na escola, o cognitivo não altera em nada. Se a gente não tivesse descoberto cedo, essa não seria a realidade deles.”
Responsável pelo acompanhamento dos dois meninos, Kallianna Gameleira lembra: “A gente conseguiu um diagnóstico tão precoce que os meninos não foram nem internados. O diagnóstico do pezinho é importantíssimo, é algo que muda o caminho natural da doença. Com isso, a gente consegue prever uma patologia e antecipar o tratamento, reduzindo a mortalidade infantil e possíveis sequelas”.
A abertura da Semana Distrital do Teste do Pezinho será às 10h30, no Hospital de Apoio, com o histórico da triagem neonatal no DF. Ao longo da semana, ainda haverá sessões de bate-papo entre pais e pacientes com a equipe multidisciplinar.
A meta é conscientizar cada vez mais os profissionais de saúde para alertarem as famílias sobre da importância do exame e de que está disponível na rede pública. “É um método simples, eficaz e capaz de mudar a vida de uma pessoa e de uma família”, reforça Kallianna Gameleira.
*Com informações da Secretaria de Saúde