Dores abdominais, perda de peso, diarreia e sangramento estão entre os sintomas de enfermidades como a recotolite ulcerativa
Maio Roxo é o mês de conscientização e visibilidade sobre doenças inflamatórias intestinais (DIIs), como a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. De acordo com a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), as DIIs atingem mais de cinco milhões de pessoas no mundo; só no Brasil, são cerca de 100 diagnósticos para cada 100 mil habitantes.
A doença de Crohn afeta o intestino delgado e o cólon, da boca ao ânus. A forma grave pode atuar ainda profundamente nos tecidos gastrointestinais. Já a retocolite ulcerativa é uma condição que atinge as extremidades do intestino grosso (reto e cólon), causando uma inflamação na região que pode ou não ter úlceras.
Os sintomas das duas enfermidades são parecidos: dores abdominais, perda de peso e mais de seis semanas com diarreia e sangramento. Por se tratar de doenças crônicas, ambas são fatores de risco para o câncer de intestino, não têm cura e são consideradas autoimunes.
Embora não possuam uma causa direta, essas doenças estão ligadas ao histórico familiar, alterações no sistema imune, mudanças na flora intestinal, alimentação e influência do meio ambiente.
Fatores e diagnóstico
A gastroenterologista Renata Filardi, especialista em doenças inflamatórias intestinais da Secretaria de Saúde do DF (SES), aponta fatores como tabagismo, estresse, uso de medicamentos (antibióticos, anti-inflamatórios), infecções e dieta ocidentalizada como gatilhos. Nos últimos anos, lembra, houve aumento da prevalência e incidência dessas doenças na população brasileira.
“O Maio Roxo é muito importante para ajudar na conscientização”, afirma a médica. “Falar sobre sintomas intestinais ainda é um tabu para muitos pacientes. Antes, as doenças inflamatórias intestinais eram consideradas doenças raras; hoje, não o são mais. O número de casos novos também tem aumentado.”
O diagnóstico precoce é essencial para evitar complicações, e o exame considerado padrão ouro para detecção é a colonoscopia – além de observar alterações visuais como vermelhidão e lesões de mucosa, ajuda na obtenção de material para biópsias.
Adaptação
Vômitos constantes, perda de peso e dores abdominais incessantes levaram Maiara Luize Neves, 32, a procurar ajuda médica. Após a indicação de gastroenterologista para acompanhamento conjunto com um proctologista, ela fez realizou exames de videocolonoscopia e uma enterorressonância, que confirmaram o diagnóstico da doença de Crohn.
“É um desafio entender que, a partir do momento do diagnóstico, o seu estilo de vida, principalmente a alimentação, vão mudar, porque 80% da recuperação será sua alimentação”, aponta ela. “Você pode encontrar um medicamento que dá certo, porém, se não mudar o estilo de vida, a alimentação, o psicológico e realizar atividades físicas, não vai adiantar.”
Atendimento na rede pública
A SES conta com dois serviços de referência no DF para pacientes com doença inflamatória: o Hospital de Base (HB) e o Hospital Universitário de Brasília (HUB), que possuem ambulatórios específicos. A rede pública também oferece práticas integrativas em saúde (PISs) – como meditação e yoga -, que podem auxiliar os pacientes e estão disponíveis em 30 regiões administrativas e em 87 unidades básicas de saúde (UBSs).
Atividades físicas e uma dieta equilibrada, que devem ser planejadas junto a especialistas, são fundamentais no controle das crises. Os pacientes com DIIs apresentam maior risco de carências nutricionais e precisam de uma nutrição reforçada de suplementos alimentares, além do uso correto dos medicamentos prescritos.
O SUS dispõe de medicamentos nas farmácias de alto custo para pacientes com tratamento convencional por meio de comprimidos das classes – de aminossalicilatos como mesalazine e sulfassalazina – e para casos mais graves baseados em terapia imunobiológica, como o Infliximab (anti-TNF).
Maio Roxo
O Maio Roxo foi instituído com o mês da conscientização e a cor roxa simboliza a luta e solidariedade em relação a essas condições de saúde. O objetivo é aumentar o debate sobre o problema e sensibilizar a sociedade sobre a importância do diagnóstico precoce, assim como do tratamento correto.
*Com informações Agência Brasília