Segundo o documento, a média de notificações em 2022 foi de 45 por semana epidemiológica, enquanto 2023 registrou 73
Nos primeiros seis meses deste ano, o número de acidentes com animais peçonhentos notificados no Distrito Federal cresceram 34%, se comparado ao mesmo período de 2022. Desde janeiro, foram registrados, ao todo, 1.904 casos, contra 1.176 no ano passado. A Região de Saúde Norte, especialmente Planaltina, destacou-se como a área de maior ocorrência de acidentes.
Os dados são do Boletim Epidemiológico de Acidentes por Animais Peçonhentos no DF, elaborado pela Subsecretaria de Vigilância à Saúde (SVS), da Secretaria de Saúde (SES-DF). Segundo o documento, a média de notificações em 2022 foi de 45 por semana epidemiológica, enquanto 2023 registrou 73.
Apesar do aumento no número de acidentes, não houve óbito em residentes no DF. Foi notificada, contudo, a morte de um adulto, causada por serpente no estado de Goiás. No caso, o paciente apresentou complicações sistêmicas, mesmo com o uso de soroterapia. O documento na íntegra pode ser conferido no portal da SES-DF.
Com o retorno das chuvas, especialistas afirmam que as ocorrências com escorpiões crescem e que lagartas lonomia – que queimam e podem provocar hemorragias – começam a aparecer nos pés de manga e de outras árvores frutíferas.
Perfis
Os dados de acidentes causados por animais peçonhentos no DF foram separados pelas notificações de picadas de: escorpião, serpentes, aranhas, abelhas e lagartas.
O perfil dos acidentes por escorpião, que representaram 78,1% dos casos, demonstra que 747 (53,4%) ocorreram no sexo feminino; 714 (51,1%) estavam na faixa etária de 20 a 49 anos; 1.265 (90,5%) eram residentes da área urbana; e a maioria (1.236/ 88,4%) foram classificados como leve.
Em relação às serpentes, foram 68 acidentes, sendo 50 (73,5%) no sexo masculino; 37 (54,4%) na faixa etária de 20 a 49 anos; 29 (42,6%) residente zona rural e periurbana; e 30 (44,1%) foram classificados como moderado e grave, recebendo soroterapia.
Foram notificados 75 ocorrências envolvendo aranhas entre residentes do DF, sendo 41 (54,7%) do sexo masculino; 38 (50,7%) em adultos jovens; e, a maior parte, morador de áreas urbanas (65; 86,7%). Os acidentes por lagarta representaram 5,4% (88) do total, sendo 45 (51,1%) do sexo feminino; 70 (79,6%) residentes de área urbana; e a maioria foi classificada como caso leve (82/ 93,2%).
Houve ainda notificação de 82 (4,6%) acidentes por abelha em residentes de área urbana (70/ 85,4%); 43 (52,5%) em pessoas do sexo masculino,; e 69 (84,2%) classificados como leve.
Prevenção
Para evitar os acidentes e reduzir a tendência de crescimento, é necessário um cuidado especial da população com os ambientes de trabalho e residencial, segundo Moreira. A atenção visa eliminar as condições favoráveis de acesso, abrigo e alimentação dos animais peçonhentos.
“Quando se elimina um desses componentes, é possível interferir na ocorrência de peçonhentos, reduzindo a exposição ao risco de picadas”, explica o biólogo. O especialista sugere manter os quintais livres de vegetação alta, entulhos, restos de materiais de construção e acondicionar o lixo corretamente. Além disso, é recomendável usar telas em ralos e janelas e vedar frestas e vãos.
Em caso de acidentes, deve-se lavar o local da picada com bastante água e sabão, mantendo elevado o membro afetado e procurar atendimento médico imediatamente. É importante informar ao profissional o máximo possível de características do animal e, se possível e seguro, capturar e levá-lo junto para identificação.
Vale ainda retirar acessórios que possam levar à piora do quadro, como anéis, fitas e calçados apertados. Em nenhuma hipótese, afirma o biólogo, deve-se fazer torniquete, garrote, ou furar, cortar ou ainda aplicar qualquer substância no local da picada.