Athos Bulcão fez mais de 200 criações durante 5 décadas que morou na capital
Athos Bulcão transformou ruas e prédios de Brasília em obra de arte. São mais de 200 criações desenvolvidas pelo artista carioca durante as cinco décadas em que ele morou na capital.
O pintor, escultor e desenhista imprimiu identidade ao DF, por meio da busca pelo abstracionismo, o uso de múltiplas cores e o diálogo com as mais diversas formas geométricas. Athos estava entre os artistas pioneiros, que vieram à capital a convite do arquiteto Oscar Niemeyer.
Para homenagear o artista carioca, o especial “Athos em quatro atos” será exibido, neste sábado (29), às 14h50, depois do programa “Além do Plano”, na TV Globo. A reportagem exclusiva comemora ainda os 105 anos de Athos Bulcão, comemorado em 2 de julho deste ano.
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Curiosidades da vida de Athos
1. A mudança do Rio de Janeiro, em 1958, foi impulsionada pelo céu de Brasília e a oportunidade de trabalhar na futura capital. Athos destacou que foi a luz das estrelas no DF que o convenceu a ficar em Brasília.
“A sensação era de que o céu emendava com a terra, como se fosse uma coisa só. Brasília tem um certo magnetismo, uma natureza um pouco hipnótica, um silêncio, um isolamento e uma luz linda que se encontra raramente em outros lugares”, disse Athos.
2. O especial “Athos em quatro atos” comprova uma lenda urbana: o artista produziu coletivamente com os azulejistas. Ele mostrava as peças para os pedreiros, que montavam na ordem que queriam.
“Gostou daquilo, é lúdico, então vamos usar como brinquedo. Sobre a mesa, quatro azulejos e qual seria a ordem deles? Nessa linguagem, não tente entrar na linha, todas as alternativas se juntam e estão corretas”, destaca Athos, em entrevista.
3. A origem do nome do painel “Ventania”, localizado no Salão Verde da Câmara dos Deputados, um dos poucos trabalhos dele que recebeu um título. No entanto, a ideia não veio do artista, mas do público. Para saber mais sobre essa história, não perca o programa especial neste sábado (29).
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Biografia
Athos Bulcão nasceu no Catete, no Rio de Janeiro, em 2 de julho de 1918. O artista passou a maior parte da infância em Teresópolis, no estado fluminense.
Antes de completar 5 anos, ele perdeu a mãe de enfisema pulmonar e acabou sendo criado pelo pai, Fortunato Bulcão, amigo e sócio de Monteiro Lobato. Em casa, dividia as tarefas com o irmão Jayme, e as irmãs Mariazinha e Dalila. Athos era o caçula.
O interesse pelas artes se manifestou desde cedo, estimulado pela irmãs, que o levavam contantemente ao teatro, à ópera e a espetáculos de companhias estrangeiras. Mesmo assim, Athos acabou escolhendo a medicina como graduação.
Aos 21 anos, ele desistiu do curso para se dedicar às artes. Naquele ano, Athos foi apresentado a Portinari e se tornou um assistente. Os dois trabalharam juntos no painel São Francisco de Assis na Igreja da Pampulha, em Belo Horizonte.
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A primeira exposição individual de Athos ocorreu cinco anos depois, em 1944, na inauguração da sede do Instituto dos Arquitetos do Brasil, na capital carioca.
Em seguida, ele foi morar em Paris, onde ficou até 1949. De volta ao Brasil, foi funcionário do Serviço de Documentação do Ministério da Educação e Cultura, onde trabalhou como desenhista e artista gráfico, fazendo ilustrações.
A parceria com o arquiteto Oscar Niemeyer começou em 1955, quando Athos tinha 37 anos. Dois anos depois, ele integrava a força-tarefa que construía e decorava a nova capital. Não demorou mais que um ano para que ele resolvesse ficar no DF.
Em 1958, Athos mudou-se para Brasília e aqui ficou até a morte, em 31 de julho de 2008. Na época, ele completava 17 anos de tratamento contra a doença de Parkinson, no Hospital Sarah Kubitschek, quando teve uma parada cardiorrespiratória.