20 de setembro de 2024 18:40

Quaresma aumenta em 40% a venda de peixes no DF, apesar de alta nos preços

Período entre carnaval e Semana Santa intensifica a venda de produtos pescados. Nutricionistas recomendam o consumo da iguaria. Saiba como reconhecer a qualidade

 


 

 

De acordo com informações do anuário PeixeBR, o consumo de carne branca vem crescendo ano a ano. No ano passado, foram cultivadas mais de 860 mil toneladas de peixes, o que corresponde a 2,3% em relação à 2021, com 841 mil toneladas. Alimento que comumente substitui a carne vermelha durante a quaresma, a Associação Brasileira de Pescados (Abipesca) estima aumento de 12% no faturamento em relação ao mesmo período do ano passado. No Distrito Federal, a comercialização do pescado registrou aumento de 40% nesta época do ano, com previsão de duplicar na Semana Santa, segundo o Sindicato do Comércio Atacadista (Sindiatacadista-DF).

O presidente da entidade, Álvaro Júnior, ressalta que, neste período, o peixe mais procurado é a tilápia, que tem um custo de, em média, R$ 45 por quilo. Ele também calcula que, na mesma época em 2022, as vendas foram melhores que as do ano anterior. “

Os preços se mantiveram e houve um acréscimo de 10% no volume comercializado. A Semana Santa é o ‘Natal’ desse setor e sempre há aumento considerável das vendas”, avalia. Ele comenta, ainda, que existe outro fator para o brasiliense colocar mais peixe no prato: o alto preço da carne vermelha. “A restrição alimentar em função da quaresma está se esvaindo. O aumento do consumo de peixe é mais uma substituição econômica do que religiosa”, avalia. 

Álvaro Júnior também explica que não há um cálculo exato para estimar o aumento da venda. “A percepção do cenário econômico (dólar, período chuvoso e commodities) determina a expectativa”, conclui. 

Hábito comum

Um ponto importante, entretanto, é pesquisar preços, que, no geral, estão um pouco salgados. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o Brasil registrou aumento de 3,88% no acumulado dos últimos 12 meses. Gerente de uma peixaria na Feira do Guará, Luís Mesquita também nota um aumento da procura pelo peixe durante o período religioso, especialmente na Semana Santa, quando a pescada amarela e o robalo são os mais vendidos em seu estabelecimento.

O peixeiro, que trabalha há oito anos no local, afirma que a diferença nos preços depende da quantidade do produto disponível para venda. “Quando o estoque diminui, a gente eleva o preço para não esgotar o estoque”, revela. Luís também comemora que, apesar do aumento de preços da tilápia, por parte do fornecedor, foi possível manter a faixa de preço do ano anterior. “A gente manteve para não assustar os clientes”, revela.

O aposentado Ademar dos Prazeres afirma não esperar o período da quaresma para inserir o peixe na dieta. “Não tenho esse negócio de comer só na Páscoa. Como bacalhau o ano todinho, se precisar”, declara. Aos 76 anos, Ademar é um frequentador constante da peixaria de Luís Mesquita e, a cada 15 dias, vai até o local. O militar da reserva — que não é um grande adepto da carne vermelha — procura, quase sempre, por sardinha, iguaria que notou estar um pouco mais cara.

“O baiano cozinha em casa”, brinca Rafaela Martins, 45, enquanto compra as peças para preparar sushi. Rafaela é moradora de Brasília há apenas dois anos e está habituada a comprar e preparar receitas tendo o peixe como elemento principal. A baiana notou a diferença nos preços em comparação à sua cidade natal. “Em Salvador, o peixe de água doce ou salgado é três vezes mais barato, talvez por ser uma cidade litorânea”, analisa. No entanto, a estagiária da área de direito aprova a qualidade do produto na capital do país.

Assim como Ademar, Rafaela também abandonou o hábito de consumir carne vermelha, após adotar uma dieta focada em alimentos com base vegetal. Ela relata que come bovinos ou suínos somente quando sente a necessidade de seus nutrientes, para evitar possíveis problemas de saúde decorrentes da deficiência.

Boa pedida

Segundo o nutricionista Bruno Redondo, as carnes bovina e suína se diferenciam do peixe, principalmente pela digestibilidade. “É a capacidade que o nosso corpo tem de digerir os alimentos. A carne de peixe a gente consegue digerir com muito mais facilidade do que a carne de boi e a carne de porco”, elucida. Com isso, a sensação de saciedade é menor ao comer peixe, explica o especialista. “A gente acabaria sentindo fome mais rápido. Por isso que, em algumas estratégias alimentares, é bom utilizar porco, frango ou carne de boi para ficar sem fome durante mais tempo”, aconselha.

Colher os benefícios de adicionar a carne de peixe na dieta depende da rotina, de acordo com o nutricionista. Quem está habituado a práticas de exercícios em academias, tem menor proporção de proteínas no corpo. No entanto, o consumo de peixes permite maior número de refeições durante o dia, devido à baixa sensação de saciedade, segundo Bruno Redondo.

O profissional também atenta que, além do sabor, não há diferenças entre peixes de água doce ou salgada. No entanto, ele ressalta a importância da alimentação com peixes de águas profundas, como atum e salmão selvagem. “Eles são fontes de ômega 3, que é um anticoagulante e tem vários outros efeitos positivos, como o anti-inflamatório”, detalha. Esse cuidado é necessário para evitar o excesso de grandes fontes de oleaginosas, assim como suplementos.

Redondo acrescenta que, para reconhecer um peixe de boa qualidade, é importante se atentar às escamas. “Se elas estão firmes quando expostas, indica que o peixe foi pescado recentemente”, afirma. “Outro ponto importante são as guelras, que devem estar vermelhas e limpas”, explica.

 

 

 

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