Conferência foi realizada na última terça-feira (15) e contou com a participação de representantes das entidades do audiovisual brasileiro
Qual o cenário atual do cinema brasileiro? O setor do audiovisual foi um dos mais afetados dos últimos anos pelo atual governo federal por meio de interrupções de políticas públicas, gerando um grande retrocesso para o cinema nacional. A pandemia da covid-19 também foi um duro golpe aos cineastas e afins. Para discutir melhorias, o 55º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro trouxe, na terça-feira (15), a Conferência do Cinema Nacional sobre a Reconstrução do Cinema Brasileiro.
A conferência contou com representantes das entidades do audiovisual brasileiro. Com mediação de Cíntia Domit Bittar, realizadora e diretora na Associação das Produtoras Independentes do Audiovisual Brasileiro (API), a mesa foi composta por:
- Adirley Queirós, diretor de longas como “Branco Sai, Preto Fica” e “Mato Seco em Chamas”;
- Bethânia Maia, da Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (Apan);
- Cibelle Amaral, da Conexão Audiovisual Centro-Oeste, Norte, Nordeste (Conne);
- Francisco Potye, do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica e do Audiovisual (Sindcine);
- Josiane Osorio, do Fórum Nacional dos Festivais de Cinema
- Lila Foster, da Associação Brasileira de Preservação Audiovisual (ABPA);
- Marco Altberg da Brasil Audiovisual Independente (Bravi).
Entre os assuntos mais comentados durante a conferência, abordou-se a necessidade da implementação da ‘cota de tela’, que seria um mecanismo para tornar obrigatória a transmissão de longas-metragens brasileiros nas salas comerciais de cinema. “Hoje se fala de pontuação de mercado, pontuação de distribuição em sala de cinema… isso é um absurdo. Os filmes que passam no Festival de Brasília e em outros grandes festivais não passam em salas comerciais”, comentou Adirley Queirós.
Atualmente no Brasil, essa obrigatoriedade é calculada pelo grupo exibidor a partir do número de salas. Por exemplo: entre duas ou três salas disponíveis, os cinemas comerciais devem exibir produções brasileiras em 28 dias do ano, com pelo menos três títulos diferentes. Isso, porém, acaba não acontecendo, principalmente quando ocorrem grandes estreias hollywoodianas. “A gente fica falando sobre mercado, mas ninguém quer falar sobre o ponto essencial, que é o fato de a gente não conseguir colocar produções brasileiras nos grandes canais. Quando vamos aos cinemas, as salas estão vazias”, completou Lila Foster.
Outro ponto abordado na conferência foi a preservação do cinema nacional. Em julho de 2021, a Cinemateca Brasileira teve parte do seu acervo queimado devido a um incêndio. Cópias de filmes, equipamentos e roteiros antigos que seriam usados para montagem de um museu que deveria contar a história do cinema brasileiro foram parcialmente queimados. No mesmo ano, foi publicado pelo governo federal um edital para contratar uma entidade que deveria gerir a preservação da Cinemateca. “O que o campo da preservação pleiteia é o acesso a esses recursos da FSA (Fundo Setorial do Audiovisual). Precisamos repensar de fato sobre tudo isso”, finaliza Lila.
Os representantes das entidades ainda falaram sobre como o cinema é crucial para o desenvolvimento de crianças e adolescentes.
A Conferência do Cinema Nacional vai até sexta-feira (18) no hotel Grand Mercure Brasília, com entrada gratuita.
Serviço
55º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
14 a 20 de novembro
Locais das mostras: Cine Brasília, com exibições também no Complexo Cultural de Planaltina e Samambaia
Ingressos nas bilheterias
Debates, Conferências e oficinas: Hotel Grand Mercure Brasília
Programação completa: https://festcinebrasilia.com.br/programacao/