Frondoso, o jacarandá mimoso rouba a cena e arranca suspiros dos apaixonados pela natureza exuberante do cerrado. Árvores são de fácil manejo, sendo usadas em reflorestamento e paisagismo
Quando o saudosismo das floradas rosas, amarelas e brancas dos ipês começa invadir a alma dos brasilienses, surgem os tons de azuis e roxo e púrpura dos jacarandás-mimosos espalhados pela cidade. Essas árvores exuberantes chegam a atingir 15 metros de altura e florescem entre os meses de agosto e novembro.
Apesar de ser colocado popularmente entre as espécies de jacarandá, o Jacaranda Mimosifolia é parente dos ipês e não dos jacarandás verdadeiros, entre os quais se encontram o da Bahia (Dalbergia Nigra) e o do cerrado (Dalbergia Violacea). Entretanto, os três tipos de árvores são originários da América do Sul, se adaptando muito bem aos climas quentes e temperados, de acordo com o botânico Augusto Cesar Soares, servidor aposentado do Jardim Botânico de Brasília (JBB).
Com fácil manufatura, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) considera a madeira dos jacarandás verdadeiros e do jacarandá-mimosos nobre, sendo destinadas à produção com esculturas, móveis e instrumentos musicais. Parte considerável das obras do período da arte barroca no Brasil foram esculpidas com essas plantas. Mas, a exploração predatória, desde a chegada dos europeus ao país, provocou uma larga devastação e, hoje, é raro haver a reprodução de forma espontânea.
Pelas características e pelo rápido desenvolvimento, atingindo o máximo do crescimento com cinco anos de plantio, o jacarandá mimoso é um ótimo exemplar quando o assunto é paisagismo e em reflorestamento. Além dos cachos de flores, a árvore fornece sombra ampla e agradável. Há, ainda, um valor simbólico associado à imagem da planta — como ela perde praticamente todas as folhas antes de florescer, é vista como sinal de renascimento.
Apesar de atrair olhares pela beleza ímpar, a árvore é pouco conhecida, sendo confundida com os ipês. Morador de Ceilândia, Vakesander da Silva Sales trabalha como lavador de carros ao lado de uma praça na CLSW 104, rodeada de vários pés de jacarandás. “Sempre vejo as pessoas pararem para tirar fotos, até já tirei uma foto minha também. Mas achava que era um tipo de ipê”, disse.
José Geraldo, 57 anos, é um apaixonado por plantas. O morador do Sudoeste conta que sabe que a florada da árvore ocorre no final de agosto, mas desconhecia o nome da planta. “Fico admirado com as cores tão vivas”, confessa. O funcionário público herdou a paixão da mãe pela natureza e se dedica a plantar árvores em espaços sem vegetação no DF. “Eu guardo as sementes das frutas que consumo, cultivo em casa e, depois, transfiro para um lugar que acredito adequado”, detalha.