22 de novembro de 2024 18:38

Praças menos conhecidas são marcadas pela beleza, mas precisam de reparos

As praças Eduardo e Mônica, do Cebolão, Portugal e dos Orixás, todas chamam a atenção pelos encantos, porém, necessitam de mais cuidado

 

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Conhecida como a Cidade Jardim, Brasília tem abundância em espaços que proporcionam o encontro entre diferentes tribos, convidadas a ocupar lugares que são de todos. As praças da capital, embora muitas sejam pouco exploradas, também fazem parte do traçado urbanístico idealizado por Lúcio Costa. Algumas são bastante frequentadas por moradores e turistas, como a dos Três Poderes, que abriga as sedes do Executivo, Legislativo e Judiciário, e a dos Cristais, próxima ao Quartel General do Exército. O Correio percorreu as menos populares, marcadas ora pela beleza dos jardins e obras artísticas, ora pela necessidade de reparos e cuidados.

Muitos que visitam o Parque da Cidade para a prática de exercícios ou relaxar não percebem que ali, perto do estacionamento dez, existe uma praça que faz alusão a um dos ícones da cultura brasiliense. Batizada com o nome de um dos maiores sucessos da Legião Urbana, a Praça Eduardo e Mônica homenageia a canção e conta com uma escultura metálica de seis metros de altura e tem vista privilegiada para o lago do parque.

À beira do corpo d’água, Priscila Couto, 32, faz um piquenique acompanhada pelo marido, Pablo Couto, e a pequena Cecília, filha do casal alagoano, de um ano e cinco meses, primeira geração da família nascida na capital federal. “Moramos há oito anos em Brasília e sempre viemos para a praça, antes mesmo de Cecília nascer. Hoje, ela vem com a gente. É maravilhoso, gostamos muito de vir para cá”, conta a servidora pública.

 

 

 

 

Convite ao skate

 

No Setor Bancário Sul, em meio aos edifícios de instituições financeiras e escritórios, a Praça do Cebolão — batizada em referência a um antigo jornal do Sindicato dos Bancários — é um bom lugar para dar uma respirada nos intervalos do expediente. A copeira Rochele Cristina, 39, trabalha na agência da Caixa Econômica Federal, que fica na Quadra 1. Diariamente, ela fica no local no horário de almoço, para se refrescar e espairecer do ambiente fechado do trabalho. “Nas sextas-feiras, sempre tem um churrasquinho, uma cerveja, a gente fica de boa e volta para casa daquele jeito”, confidencia Rochele, entre risos.

Ao longo dos anos 1980 e 1990, o Cebolão foi palco frequente de manifestações. Hoje, o local sofre com as pichações e a fonte está deteriorada e sem funcionar. Entre os principais frequentadores estão skatistas, que aproveitam o piso de concreto propício para a prática do esporte. “Como não há muitas pistas de skate em Brasília ou não são tão apropriadas, a gente prefere os picos de rua, e um dos mais tradicionais é o Setor Bancário”, diz Eliézer Rodrigues, 23. Os obstáculos instalados no espaço foram uma iniciativa bancada pelos próprios skatistas. “Aqui enche mesmo no final da tarde, quando as pessoas saem da escola ou do trabalho e vêm para cá praticar. Muitos profissionais, inclusive, falam que esse é um dos melhores solos do mundo”, revela.

 

 

 

O Cebolão, com seu piso de concreto, atraiu skatistas, que até instalaram obstáculos para a prática do esporte no local - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

 

 

Arte

Entre as embaixadas americana e portuguesa, a Praça Portugal guarda belezas do conjunto urbanístico de Brasília. Assim como o Cebolão, a Praça Portugal também precisa de cuidados. O espelho d’água está desativado e o mato toma conta de alguns pontos. Também não há sinalização para as obras artísticas.

O local abriga obras de dois artistas lusitanos: o pintor José Manuel Espiga Pinto, que desenhou as calçadas em pedras portuguesas, e o escultor Salvador Barata Feyo, que esculpiu a estátua de bronze em 1956 — um presente de Portugal para Brasília. A imagem é do Infante Dom Henrique, figura importante para Portugal no início da era das descobertas, o que rendeu a ele os apelidos de “Infante de Sagres” ou “o Navegador”.

Maria das Graças, 42, costuma almoçar e descansar no intervalo do emprego em um escritório de advocacia que fica próximo à Praça de Portugal. “Todos os dias eu venho entre meio-dia e 13h30. Meus colegas de trabalho e funcionários das embaixadas e ministérios também sempre vêm curtir o ambiente ventilado daqui”, relata Maria.

 

Ancestralidade

Quem chega à Praça dos Orixás, localizada à beira do Lago Paranoá, na L4 Sul, logo é recepcionado pela estátua de Exu, divindade cultuada pelas religiões de matriz africana. Para os adeptos da umbanda ou do candomblé, a praça também tem um significado espiritual, já que cada uma das 14 estátuas representa um orixá. Mas o local tem sido alvo de vandalismo ao longo dos anos. No momento, a escultura de Oxalá está queimada e a de Ogum sumiu. 

O professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB), Cláudio Queiroz, avalia que as praças, além de pontos de encontro, são uma pausa na paisagem urbana da cidade. “Em Brasília, existem as praças que fazem parte da monumentalidade de uma capital e também temos aquelas que surgiram dos espaços vazios que foram ganhando outros significados pelo uso da população, de forma orgânica”, detalha. Para ele, essa dinâmica é positiva e os moradores seguirão a ocupar e dar novos significados a espaços públicos do Distrito Federal.

 

 

 

 

Sobre a Praça dos Orixás, o Palácio do Buriti informou que todos os esforços para substituição e restauração das peças da Praça dos Orixás, anteriormente danificadas, estão sendo feitos em conjunto com a Secretaria de Cultura. Não houve resposta em relação às praças do Cebolão e Portugal.

 

 

 

*Com informações Correio Braziliense

 

 

 

 

 




 

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