22 de novembro de 2024 23:46

Pescadores afirmam que pirarucu, maior peixe de água doce do mundo, pode ser visto no Lago Paranoá.

Animal é natural da Amazônia e pode chegar a três metros de comprimento. Ibram vai investigar possível introdução clandestina da espécie exótica na capital.


Ele é o maior peixe de água doce do mundo. Pode chegar a três metros de comprimento, pesar entre 100 e 200 quilos, e é nativo da Amazônia. No entanto, desde 2015, há relatos de pescadores que afirmam terem visto peixes da espécie pirarucu no Lago Paranoá, em Brasília.

Na última terça-feira (6), imagens de um possível exemplar, com mais de 1 metro de comprimento, circularam na internet. O peixe aparece próximo à superfície, na margem do Deck Norte. Ao fundo, aparece a Ponte JK.

O vídeo circulou entre pescadores, que sustentam que esses peixes estão no Lago Paranoá há algum tempo. O Instituto Brasília Ambiental (Ibram) informou que vai averiguar se houve introdução clandestina da espécie na região.

Relatos

O nome Pirarucu vem de dois termos indígenas: pira, que significa peixe; e urucum, ou seja, vermelho, por conta da cor da cauda do animal.

“Não sei a origem, não sei como foi solto. Em alguns locais, o pessoal compra os filhotes e solta. Acho que não foram soltos desse tamanho. Às vezes, pode ter gente criando em aquário, aí o peixe cresce e não cabe mais e acabam soltando no lago mesmo”, suspeita Wellington Ferreira, conhecido como “Aranha”.

Ele pratica pesca esportiva há sete anos e afirma já ter visto dois pirarucus: um em setembro, e outro em novembro do ano passado. “Existem alguns exemplares no Lago Paranoá. Os dois que eu vi são adultos, de 1,6 metro para cima. São bem grandes mesmo. Quem é pescador ouve muita lenda, mas quando vi, fiquei surpreso”, diz Wellington.

O pescador fez um vídeo em setembro de 2020, do que afirma ser um pirarucu.”Fui atender o celular de um amigo e quando olhei embaixo do meu caiaque, o pirarucu estava parado no fundo. Fui tentar filmar e, nessa de fazer o movimento, acho que pela vibração da água, ele sentiu minha presença e saiu tranquilamente”.

Ainda assim, o pescador conseguiu captar imagens com uma câmera. “Consegui fazer alguns registros dele e pensei em fazer um vídeo sobre isso. Só que não coloquei esse vídeo no ar, justamente porque quando eu filmava o local, meu medo era de outros pescadores, que não tem o mesmo propósito da pesca, irem lá e pegar o peixe”, explica.

 

 

Outros casos

 

Outras filmagens foram feitas em novembro de 2020, e em setembro e julho de 2019, e postadas na internet. Em todas elas, pescadores afirmam ter visto pirarucus pelo Lago Paranoá.

“Parece um pirarucu pelo tamanho e avermelhado dorsal. Ele também nada na superfície para poder respirar. Não é nativo daqui, mas não é impossível ele ter se adaptado bem no lago”, disse o então biólogo da Caesb Fernando Starling. O especialista também mencionou a possibilidade de o animal ser uma “carpa prateada”.

 

Danos ambientais

 

 

A Superintendência de Auditoria e Fiscalização do Ibram informou que “não há registro de nenhuma denúncia, queixa ou informação sobre a existência de peixes pirarucus no Lago Paranoá. Tampouco foi realizada a solicitação de alguma autorização ou licença para a colocação dessa espécie no Lago”.

O órgão alerta que o pirarucu é uma espécie exótica originária da Amazônia e que, no Lago Paranoá, poderia se comportar como um predador, e causar grandes danos ambientais.

“Gera um grande problema toda vez que alguém introduz espécie exótica em um ambiente. É uma ameaça à diversidade biológica porque não tem um predador natural e não tem quem faça o equilíbrio ecológico. As espécies locais ficam ameaçadas de extinção”, destaca Victor Assis Carvalho Santos, diretor de fiscalização da fauna, do Ibram.

 

Infração

 

A introdução de espécies exóticas no Lago Paranoá sem a autorização do órgão é infração ambiental. A multa é de R$ 2 mil, acrescida de R$ 200 por cada peixe introduzido. “Se alguém tiver introduzido o peixe de maneira clandestina no lago, isso configura crime ambiental”, alerta Victor Assis.

Ele afirma que o Lago Paranoá é sempre monitorado, mas que analistas ambientais irão a campo tentar localizar o peixe, para constatar se há outros pirarucus na região.

 

“É de interesse do órgão ambiental constatar se existem pirarucus no Lago [Paranoá] ou não, se é um fato isolado ou se está em nível de reprodução. Se sim, passa a ser preocupante”, diz Victor.

 

Qualquer denúncia ambiental pode ser feita na ouvidoria do GDF, pelo 162, ou pelo site.

 

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