Após três anos sem ser realizado, por conta da pandemia, evento no Parque da Cidade teve a presença de centenas de pessoas e autoridades
Após três anos sem evento, em decorrência da pandemia da covid-19, a CaminhaDown, no Parque da Cidade, levou felicidade a pessoas com Síndrome de Down, na manhã deste domingo (26/3). Com a presença de autoridades, a caminhada, com uma extensa programação, reafirmou uma luta antiga: a falta de conhecimento da sociedade expõe a dificuldade de inclusão no mercado de trabalho, transformando o caminho mais desafiador.
Ao contrário do que milhares de pessoas pensam, a Síndrome de Down não é uma doença, e sim uma alteração genética causada por uma divisão celular atípica. É nesse sentido que Fernanda Honorato, 43, expõe sua visão. Ela é atriz, digital influencer, ativista pela causa das pessoas com deficiência e eleita a primeira repórter com Síndrome de Down no Brasil. “Eu vou levar essa bandeira de luta pelo respeito às pessoas com Síndrome de Down para sempre. Assim como vocês (do Correio), eu também sou jornalista. Amo essa profissão, e amo esse trabalho”, contou.
Fernanda também esteve como voluntária na Olimpíada e Paralimpíada Rio 2016. À época, ela fez reportagens com medalhistas das competições e, recentemente, entrevistou uma das mais importantes jornalistas do país: Glória Maria, que faleceu em 2 de fevereiro deste ano. “Ela (a Glória) me deu umas dicas e disse que eu nasci com a profissão. Ela foi uma musa inspiradora, e me via muito nela”, disse. “A caminhada em prol das pessoas com síndrome é muito importante, e precisamos que temas como inclusão e igualdade sejam mais debatidos no Congresso”, completou.
O Dia Mundial da Síndrome de Down, celebrado na última terça-feira (21/3), é reconhecido pela Organização Nações Unidas (ONU) desde 2012. Um pouco tímido, Pedro Carrera, 28, tem síndrome de down. Ele contou ao Correio que está indo para a segunda graduação. Antes de iniciar o curso de administração, fez gastronomia em uma universidade de São Paulo. “Eu gosto de cozinhar, mas dei uma parada nos estudos. Tudo foi graças a inclusão”, contou.
“Apesar dele gostar de gastronomia, ele se apaixonou pela administração também. Agora, o risoto que ele faz é inconfundível e sem igual”, brincou o irmão, Rafael Carrera, 18.
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A Presidente da Associação Down, Melina Sales, 43, contou que ainda existem muitas barreiras a serem enfrentadas, principalmente pela falta de inclusão, seja no mercado de trabalho ou em outros ambientes. O evento teve brincadeiras, como danças, pinturas e muita cantoria. “As pessoas, quando elas têm oportunidades, podem ir muito longe e se desenvolver. Por isso, é importante mobilizar a cidade e o Poder Público para desenvolver políticas públicas que possam trazer a inclusão de todos”, disse.
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Poder Público
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Ao Correio, o secretário de Esportes e Lazer, Júlio César Ribeiro, detalhou que a pasta trabalha com iniciativas para aproximar pessoas com algum tipo de deficiência da sociedade. O secretário disse que é necessário a inclusão de todos. “Estamos sempre trabalhando à inclusão. Sabemos que é necessário uma atenção especial. Um evento desse, em pleno domingo, nos enche de orgulho. Todos nós somos iguais”, disse.
Com um novo governo federal, a deputada Erika Kokay (PT), presente no evento, disse que a expectativa é trazer mais inclusão, principalmente no que ela considerou de um “retrocesso de quatro anos”. “Estamos vendo aqui fotógrafos, jornalistas, DJ, músicos, artistas. Não é o cromossomo que tem que dar a última palavra. Fundamentalmente, queremos avançar uma legislação que assegure o que está posto (na Constituição), mas de forma programática”, disse. “O secretário de Esportes estar aqui é muito importante. O esporte tem que ter inclusão, assim como todas as outras pastas. Vamos trabalhar nessa legislatura, porque a anterior foi de muita resistência de um governo que só teve retrocesso. Precisamos avançar”, disse.
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