Hoje adultos, brasilienses lembram da época em que eram crianças e batiam nas portas dos vizinhos, que distribuíam gostosuras em sacolinhas. Celebração ocorre nos dias 26 e 27 de setembro
Quando se fala em Dia de Cosme e Damião, a memória afetiva de muitas pessoas as leva para uma viagem rumo à infância. Celebrada nos dias 26 e 27 de setembro, a data é marcada pela entrega de doces como maria mole, suspiro, doce de abóbora e de batata-doce.
No Distrito Federal, essa tradição continua viva, apesar de ter perdido o fôlego ao longo dos anos. Moradores de Brasília que hoje são adultos lembram da época em que eram crianças e iam para as portas dos vizinhos, que distribuíam gostosuras dentro de sacolinhas.
Para a brasiliense Daniela Bezerra, de 47 anos, o Dia de Cosme e Damião remete a uma doce lembrança.
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“A primeira coisa que vem assim na cabeça é maria mole, pipoca, aqueles saquinhos com um monte de coisa dentro. Quando a gente sabia que tinha alguma vizinha que distribuía esses docinhos a gente já ia lá na casa dela”, conta.
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André dos Santos, de 51 anos, também morador do DF, diz que além dos doces, a data o lembra de uma época de confraternização com os vizinhos e amigos.
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“A gente esperava por esse dia e, quando chegava, a gente ficava ansioso pra ver o que tinha dentro do saquinho que eles entregavam. Eram várias pessoas que davam esses docinhos. Às vezes, a gente pegava fila, falava pro coleguinha outros lugares onde estavam distribuindo. Aí a gente saía de um lugar e ia pra outro”, lembra André.
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A origem da tradição de Cosme e Damião
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Na igreja católica, o Dia de Cosme e Damião é celebrado no dia 26 de setembro. Os irmãos gêmeos eram médicos que viveram na Ásia Menor, há 2 mil anos.
Segundo a história, eles curavam as pessoas, principalmente crianças, e não cobravam. Os gêmeos teriam sido perseguidos e mortos pelo imperador romano Deocleciano no dia 27 de setembro.
Só que essa data, para a igreja católica, é dia de São Vicente de Paula. Por isso estabeleceu-se a homenagem a Cosme e Damião no dia 26.
Já nas religiões de matriz africana, a tradição de distribuir doces ocorre no dia 27 de setembro. A celebração é como um agrado para os orixás Ibejis, divindades que representam as crianças.
O teólogo J. Alves, autor do livro “Os Santos de Cada Dia”, explica que os antigos escravizados no Brasil, como forma de camuflar suas crenças, passaram a associar seus orixás crianças, os Ibejis, que também são gêmeos, aos santos católicos Cosme e Damião. “Estão associados não apenas à força da natureza que faz brotar e sustenta a vida, mas também à festa, à alegria coletiva, ao divertimento e às brincadeiras infantis”, explica o teólogo.
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