Setembro é mês de referência e conscientização ao combate do suicídio. Segundo Organização Mundial da Saúde, suicídio é uma das principais causas de morte entre os jovens.
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Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas morrem por ano devido ao suicídio, o que representa uma a cada 100 mortes registradas. Entre os jovens de 15 a 29 anos, é a quarta causa de morte depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal.
A campanha do Setembro Amarelo foi inspirada na história do adolescente Mike Emme, que cometeu suicídio, aos 17 anos, em setembro de 1994, nos Estados Unidos. No dia do velório, pais e amigos de Mike distribuíram cartões com fitas amarelas e frases motivacionais para pessoas que pudessem estar enfrentando transtornos mentais e emocionais.
A psicóloga Andréa Pepino da Silva, presidente do Instituto Olhar Social, explica que o suicídio pode estar atrelado a diversos fatores – além da depressão – que, muitas vezes, são negligenciados. Entre eles estão:
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- Falta do sono
- Transtornos de personalidade
- Ansiedade
- Transtornos alimentares
- Abuso de substâncias como álcool e drogas
- Esquizofrenia e doenças crônicas
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Onde procurar ajuda?
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A rede pública de Saúde oferece atendimento gratuito para pessoas que estão passando por conflitos emocionais e sofrem com pensamentos ou mesmo o desejo de tirar a própria vida.A ajuda pode ser solicitada por telefone, presencial, ou de forma online; confira abaixo:
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- CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde)
- UPA 24h
- SAMU: fone 192
- Pronto Socorro
- Hospitais
- Centro de Valorização da Vida: fone 188 (ligação gratuita)
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O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e voip, 24 horas por dia, todos os dias. A ligação para o CVV em parceria com o SUS, por meio do número 188, é gratuita a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular.
No DF, existe também a opção de buscar ajuda em centros de voluntariado onde é oferecido atendimento e acolhimento psicológico. Conheça algumas opções:
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- Fraternidade Cristã Vovó Maria Conga: localizada no Núcleo Bandeirantes, atua oferecendo auxílio para portadores de doenças mentais.
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Os atendimentos são realizados através de plantão psicológico. Para ter acesso aos serviços basta acessar o site do grupo e realizar agendamento, de forma online e gratuita.
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- Instituto Olhar social: instituição sem fins lucrativos faz atendimentos com valor social. São R$ 50 para atendimento psicológico e R$ 100 para psiquiátrico. O instituto atende de forma online pessoas do mundo todo.
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‘Eu passei por isso’
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Jornalista, professora de yoga, escritora e analista junguiana, Nana Calimeris viveu muito tempo “em Setembro Amarelo”, como diz. Ela conta que desde pequena teve de conviver com problemas emocionais. Sem saber o que tinha, nem porque sentia “tanto vazio”, Nana conta que passou anos de sua vida em sofrimento.
Na adolescência, “tudo ficou ainda mais intenso”, aponta. A falta de acompanhamento psicológico e o bullying sofrido na escola, por seu quadro de autismo, só piorava o sofrimento.
Na vida adulta, ela chegou a atentar contra a própria vida. Depois de anos lutando contra a depressão, a ansiedade e transtornos de personalidade, Nana conta que conseguiu dar a volta por cima, e “voltar a viver”.
Com acompanhamento médico e psicológico – e muita força de vontade – hoje, aos 50 anos ela diz estar bem. Segundo Nana, a terapia, o amor pelo filho, a prática do yoga e a escrita foram essenciais para sua recuperação e qualidade de vida.
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“Só superei tudo por que passei por causa do amor. Não o amor romântico, de alguém por mim. Mas o amor que sinto pelo meu filho. Foi isso que não me permitiu desistir, que me fez ir adiante”, diz Nana.
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A jornalista diz que a recuperação é um processo longo, e que buscar ajuda e se encontrar em atividades que façam bem à pessoa contribui muito para a melhora.
Prevenção
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Segundo o Ministério da Saúde, “o suicídio é um fenômeno complexo, multifacetado e de múltiplas determinações, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, classes sociais, idades, orientações sexuais e identidades de gênero”. Mas ele pode ser prevenido.
Os especialistas dizem que não há um fator isolado ou especifico para reconhecer com certeza pessoas com tendências ou pensamentos suicidas. No entanto, alguns tipos de comportamentos podem servir de alarme para se atentar a um amigo ou familiar que pode estar em sofrimento:
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- Aparecimento ou agravamento de problemas de comportamento ou de manifestações verbais durante pelo menos duas semanas
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Essas manifestações não devem ser interpretadas como ameaças nem como chantagens emocionais, mas sim como avisos de alerta para um risco real.
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- Preocupação com sua própria morte ou falta de esperança
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As pessoas sob risco de suicídio costumam falar sobre morte e suicídio mais do que o comum. Elas confessam se sentir sem esperanças, culpadas, com falta de autoestima e têm visão negativa de sua vida e futuro. Essas ideias podem ser expressas de forma escrita, verbal ou por meio de desenhos.
Comentários como “Vou desaparecer, vou deixar vocês em paz, eu queria poder dormir e nunca mais acordar, é inútil tentar fazer algo para mudar, eu só quero me matar” também são emitidos frequentemente, e apesar de óbvios, muitas vezes são ignorados.
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- Expressão de ideias ou de intenções suicidas
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As pessoas com pensamentos suicidas podem se isolar, não atendendo a telefonemas, interagindo menos nas redes sociais, ficando em casa ou fechadas em seus quartos, reduzindo ou cancelando todas as atividades sociais, principalmente aquelas que costumavam e gostavam de fazer.