Tudo vale, até avalizar mentiras
Na busca das big techs por apoio no Congresso para barrar definitivamente a aprovação do projeto de lei contra as fake news, fica implícita a ameaça que dói mais no bolso de deputados e senadores que a do corte de verbas para seus redutos eleitorais.
Menos ou mais verbas depende do governo, que leva em conta o comportamento de deputados e senadores na votação dos projetos que envia ao Congresso. Dos algoritmos das big techs, depende o espaço de exposição de cada um nas plataformas digitais.
Entre a aprovação no dia 19 de abril último de requerimento de urgência para votação do projeto na Câmara, e a retirada do projeto da pauta em 2 de maio, ao menos 33 deputados mudaram de posição. Antes a favor, agora são contra ou perderam a pressa.
O levantamento foi feito pelo jornal O Estado de S. Paulo. No período de 19 de abril a 2 de maio, o Google e a Meta, que controla o Facebook e o Instagram, lideraram uma operação de pressão e lobby para derrubar o projeto. Venceram.
Os internautas foram instigados a mandar mensagens para deputados que se diziam a favor do projeto ou que ainda não tinham definido seu voto. Um site, hospedado nos Estados Unidos, foi aberto para mostrar a posição de cada um deles.
O caso do Google foi parar na Polícia Federal. O representante da empresa admitiu gastos de R$ 2 milhões para mudar o voto de deputados. Não precisava. Bastaria ter dito que o Google passaria a tratar com mais simpatia os que atendessem ao seu apelo.
Quem cria e posta mentiras nas redes sociais se arrisca a ser processado; alguns já foram presos. Quem as aceita e dissemina como as big tecks, ganha muito dinheiro com elas, não importa o mal que as mentiras causem.