Empresa chega à capital para atender todas as pessoas interessadas no lifestile, em tratamentos médicos e terapêuticos com a cannabis, e no uso pessoal de produtos relacionados ao mercado canábico
Ocorreu, na última quarta-feira (21/12), em Brasília, a inauguração do primeiro dispensário canábico do Brasil, com o intuito de atender todas as pessoas interessadas no lifestile, em tratamentos médicos e terapêuticos com a cannabis, e no uso pessoal de produtos relacionados ao mercado canábico.
Uma das responsáveis pela iniciativa, Juliana Guimarães Santiago, explica que uma das ideias do dispensário é a facilitação para o acesso a produtos de cannabis medicinais.
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“A gente vai ter uma área de prestação de serviços ligada à cannabis medicinal, porque hoje já existem quatro caminhos lícitos para acessar esse tipo de tratamento, com produtos à base de cannabis no Brasil. E o nosso time vai apresentar essas opções para as pessoas, para que elas tenham o acesso ao tratamento de forma mais fácil, fazendo isso conforme é o mercado regulado hoje”, explica.
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O dispensário fica na Asa Norte, SQN 102, bloco C, loja 30. No espaço, haverá também produtos terpenados — usados principalmente para conferir cheiro e sabor, mas sem canabinoides, apenas inspirados na cannabis. Quem frequentar o dispensário poderá provar cafés terpenados, cervejas artesanais com blend de óleos e até chocolates. Para os entusiastas do lifestile, a organização do local preparou ainda uma curadoria especial de roupas e acessórios.
“A gente também fez uma curadoria das melhores marcas de produtos de cultivo, extração e acessórios para fumo tanto aqui no Brasil quanto no exterior, então é uma curadoria em que trabalhamos com um bom custo-benefício para o mercado canábico brasileiro”, ressalta Juliana.
No andar de cima da loja, o dispensário conta com uma growshop especializada em equipamentos e produtos para cultivo de plantas no geral.
O mercado da cannabis
Juliana explica que Brasília foi escolhida para receber o primeiro dispensário canábico do Brasil nesse formato por ser a cidade com a maior quantidade de concessões de importação pela Anvisa para uso pessoal de produtos à base de cannabis. “Embora muitas pessoas façam quase todo o processo pela internet, buscando os médicos prescritores, as marcas que importam e que já estão nas farmácias, há uma parte do público que não tem acesso, mal saberiam por onde começar. Aí entram os serviços oferecidos pelos profissionais parceiros da área medicinal do dispensário”, pontua.
A ideia é que o projeto seja expandido para outras cidades do país a partir de julho de 2023.
Segundo Juliana, a cannabis pode ser matéria-prima para mais de 5 mil produtos em mais de 20 setores diferentes da economia. “A fibra de cânhamo, por exemplo, pode ser usada na indústria têxtil, de combustível, construção civil e até alimentícia”, cita.
Ela acredita que a regulamentação da cannabis tem potencial para movimentar quantias bilionárias na economia do Brasil e do mundo todo. “A Associação Brasileira das Indústrias de Canabinoides aponta um crescimento vertiginoso das autorizações concedidas pela Anvisa para a importação de produtos à base de cannabis. No intervalo de um ano, entre 2021 e 2022, foram emitidas mais de 20 mil concessões no Brasil”, justifica.
Produtos autorizados
Desde 2019, uma resolução da Anvisa autoriza a fabricação e a importação de produtos com Cannabis para fins medicinais no Brasil. De acordo com o órgão, estima-se que mais de 100 mil pacientes façam algum tipo de tratamento usando Cannabis no país. Além disso, mais de 66 mil medicamentos à base da substância foram importados em 2021. Cerca de 50 países já regulamentaram o uso medicinal e industrial da planta da maconha e do cânhamo.
Em outubro, o Conselho Federal de Medicina chegou a publicar norma que amplia restrições à prescrição de produtos derivados da Cannabis. Após reação negativa de profissionais, pesquisadores e pacientes, a autarquia médica suspendeu a medida.
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Uso terapêutico
A atenção da comunidade científica está voltada para pesquisas sobre o poder terapêutico e medicamentoso da Cannabis. No Paraná, o uso de extrato de cannabis está sendo testado em pacientes com Alzheimer. O estudo é pioneiro no Brasil e investiga os benefícios do THC (Tetrahidrocanabinol) e CBD (canabidiol ) para a reversão dos sintomas da doença.
Na Inglaterra, pesquisadores do Imperial College em Londres conduziram o novo estudo para expandir as crescentes evidências sugerindo que a cannabis pode ajudar a tratar os sintomas do autismo. Algumas pesquisas anteriores relataram que os extratos de cannabis com uma alta proporção de CBD para THC podem ajudar a melhorar os resultados comportamentais de crianças com autismo, mas outros estudos sugeriram que o óleo de THC puro pode ser o tratamento mais ideal.
No geral, a maioria dos pacientes relatou melhorias significativas na qualidade de vida após o uso de maconha medicinal. Os indivíduos também experimentaram uma melhora significativa na qualidade do sono durante todo o período de estudo de 6 meses, o que é especialmente importante, uma vez que os adultos com TEA são mais propensos a sofrer transtornos comórbidos do sono.
Melhorias nos níveis de ansiedade foram observadas por até 3 meses, mas esses sintomas retornaram após 6 meses. Os pesquisadores acreditam que essa mudança inesperada pode ser devido a uma limitação do projeto deste pequeno estudo.
Em 2017, a farmacêutica Ana Carolina Ruver iniciou o mestrado na Unila, estudando os possíveis efeitos da cannabis em doenças neurológicas. “Nessa época, conheci a Associação Medianeirense de Portadores de Parkinson, e conhecendo o potencial dos canabinoides também para controle motor, eu resolvi propor um protocolo de estudo para a doença de Parkinson, que foi apoiado pelos meus orientadores e se tornou meu estudo de mestrado, em 2023 iniciarei a nova etapa que consiste no meu doutorado”, ressalta.
