Índice no Distrito Federal alcançou 15%, em setembro, o patamar mais baixo dos últimos seis anos. Rendimentos dos mais pobres aumentaram um pouco, enquanto os mais ricos sofreram perdas
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Em relação ao mês anterior, a taxa apresentou ligeira redução, passando de 15,3% para 15,0% da PEA. A queda, segundo a coordenadora da PED pelo Dieese, Lucia Garcia, ocorreu porque foram geradas 4 mil vagas e mil pessoas se desligaram ou foram demitidas de seus empregos. “Quando comparamos o dado atual ao de setembro de 2021, percebemos que a queda do desemprego foi fortemente influenciada pela saída de pessoas do mercado (de trabalho), assim como há 12 meses”, aponta.
Lucia destaca que, embora o DF tenha aberto 25 mil postos de trabalho nessa variação de 12 meses, a saída de pessoas do mercado — 24 mil a menos — ajudou muito a fazer com que a taxa de desemprego apresentasse queda. Mesmo assim, a especialista considera que o DF está em uma situação favorável. Para ela, no entanto, o motivo não é tão “virtuoso”, como seria se fosse pela liderança dos índices de ocupação de postos de trabalho. “Estamos em um patamar que precisa ter seu otimismo calibrado a partir de uma visão mais ampla da série histórica que a pesquisa fornece”, explica. “Em conjunto com uma visão mais ampla da taxa de desemprego nos últimos anos, se estendermos a visão para 2015, por exemplo, observamos que o índice de 15% é baixo para os eventos recentes, mas ainda muito mais elevado do que o daquele ano, que era entre 11% e 12%”, completa.
Sem entusiasmo
Algumas outras questões também são bastante importantes, de acordo com a coordenadora do PED pelo Dieese. Lucia Garcia ressalta que, embora o DF esteja gerando emprego com carteira assinada no setor privado, as vagas têm valor cada vez menor. “A reforma trabalhista, como sabemos, gera postos de trabalho mais desqualificados, e com menor acesso a direitos, no setor privado”, afirma.
Outra questão destacada pela especialista é que há um certo fechamento dos leques salarial e de rendimentos. “Aqueles que ganham mais, são os que perdem mais; e aqueles que ganham muito pouco, tem muito pouco a perder e estão perdendo pouco”, detalha.
De acordo com a PED de setembro, entre julho e agosto de 2022, o rendimento médio real dos ocupados aumentou: 3,8% para os 10% mais pobres; 2,1% entre os 25% e 50% mais pobres; e 1,7% para os 25%. Enquanto isso, os demais grupos amargaram queda no rendimento: -2,6% para os 10% mais ricos; -2,2% para os 25% mais ricos; -0,8% no grupo entre 50% e 25% mais ricos.
Lucia frisa que, quando a massa de rendimento recua, é prenúncio de um mercado de trabalho mais instável e pior nos meses seguintes. “Portanto, não somos entusiastas de um final de ano muito feliz para os trabalhadores brasilienses. É preciso estar muito atento em relação às opções que tomamos para que possamos, de fato, mudar o rumo dessa história”, atesta.
Perspectiva histórica
O resultado da PED de setembro decorreu do aumento no número de trabalhadores no setor de serviços. O coordenador do curso de Economia do Iesb, Riezo Almeida, lembra que, historicamente, os dados desse período no DF são positivos, principalmente para esse ramo. “Como é de setembro a setembro, o recorte pega dois períodos bons de falta de chuvas, onde há oferta de muitos bens, serviços e restaurantes. Isso movimenta muito outros ramos, como o serviço de transporte”, reforça.
Mesmo com o cenário pessimista expressado pela coordenadora do PED, Riezo acredita que é possível comemorar os dados divulgados. “O dinheiro na economia está girando, ou seja, o fluxo de renda da economia está positivo. O emprego ajuda muito o trabalhador a comprar, mesmo com a alta dos preços”, pondera.
Maiores taxas de desemprego
Dez/2015 — 14,5%
Dez/2016 — 18,6%
Mar/2017 — 20,7%
Mai/2018 — 19,4%
Abr/2019 — 19,8%
Jun/2020 — 21,6%
Abr/2021 — 19,6%
Jan, Fev e Mar/2022 — 17%
Fonte: PED-DF, convênio IPEDF/Dieese