23 de novembro de 2024 04:10

Troca de figurinhas da Copa é uma tradição que reúne gerações

Para completar o álbum da Copa do Mundo de 2022, crianças e adultos que têm em comum o amor pelo futebol se encontram na Banca do Brito, na 106 Norte


 

Os grupos de diversas faixas etárias se reúnem na Banca do Brito, na 106 Norte, para completar o álbum da Copa 2022. O momento de troca de figurinhas é vivido pelas crianças com seriedade, avaliando as raras e obedecendo as regras que a própria garotada estabelecem para o câmbio. As brilhosas devem ser trocadas pelas do mesmo tipo ou por três figurinhas comuns, enquanto as “legends” geralmente são negociadas por outros selos do mesmo valor de raridade.

Quem aproveitou o ponto de encontro na tarde deste domingo foi João Henrique, de 11 anos, acompanhado da mãe, Fabiana Cabral, de 43 anos, servidora pública e moradora do Noroeste. “Está sendo bem legal. Esse é o segundo álbum que eu faço, o primeiro foi na outra Copa. É trabalhoso (a negociação), mas tá andando”, garantiu João, que acrescentou, entusiasmado: “faltam 147 figurinhas para completar”. A mãe do menino conta que a experiência é gratificante. “Acaba sendo desenvolvido um vínculo forte entre quem participa. E isso ajuda as crianças a terem autonomia, resolverem os próprios problemas”, defende.

Com o filho Felipe, de 6 anos, Marianna Carminatti, 41 anos e servidora pública, moradora da Asa Sul, se protegeu na sombra de um dos prédios enquanto os dois colavam as figurinhas adquiridas no dia. O esposo de Marianna era o responsável por ir a campo para negociar as que faltavam para completar a coleção. “O melhor é a colagem, tô quase terminando”, disse Felipe, mostrando contente as páginas quase concluídas do álbum. Marianna destacou que é a primeira experiência da família com a troca de figurinhas e que se surpreendeu com o movimento intenso dos colecionadores.

 

 

 

 

Tradição

A Banca do Brito tem um histórico de mais de 30 anos na 106 Norte. A iniciativa começou com uma brincadeira, ainda em 1998, organizada por José Gonçalves Brito, de 58 anos, para ajudar os próprios filhos a completar seus álbuns. Hoje, é uma tradição que reúne famílias de brasilienses de várias regiões da capital. “É um evento totalmente familiar, vem muitos avós com os netos, os pais com os filhos, amigos, todos para comprar e trocar figurinhas. É um momento muito especial do ano e mesmo que a Panini não esteja conseguindo dar conta da impressão dos álbuns de capa dura, continuamos garantindo que na nossa banca não falte figurinhas. Ao todo, por fim de semana, recebemos entre 2 mil e 2,5 mil pessoas”, conta José.

A própria banca é motivada pelo contato familiar. Nos fins de semanas, os filhos de José Brito, genros e sobrinhos o ajudam no movimento intenso. Rafaela Brito, filha do proprietário do estabelecimento, detalha que o comércio do pai é um ponto de referência. “Pessoas de várias regiões citam a gente como um local para conseguir finalizar o álbum de figurinha. E o movimento é muito intenso. Durante a semana vem muita gente nos horários de almoço e na saída das escolas. Já no fim de semana, é movimento o dia todo. A banca do meu pai é principalmente conhecida por nunca fechar, ele sempre está aberto, sempre está atendendo os clientes, e isso fideliza muito o público. E quando a Copa termina, doamos as figurinhas abertas na venda avulsa para instituições de caridades”, conta.

 

 

 

 

 

 

Miguel Attuch Nogueira, de 11 anos, é um dos jovens que visita o local com amigos e familiares. Contente, ele conta que conseguiu quatro craques legends para o álbum. “Acho que esse é o quarto domingo que eu venho aqui. Eu gosto de trocar as figurinhas, porque só comprar não tem a mesma graça”, pontua. A mãe de Miguel, Iara Monteiro, 42 anos, servidora pública e moradora da Asa Norte, conta que a iniciativa do filho a deixa feliz. “Isso dá muita autonomia para ele. E reúne todo mundo, o pai participa, os primos e a avó, que sempre vem com ele e compra pacotes para dar aos netos”, afirma.

Iara aponta que a sociabilização é o principal benefício. “Isso distrai eles de ficarem apenas nos eletrônicos, e o Miguel é muito determinado, quando ele decide que quer fazer algo, ele vai até o fim. Ele chega em casa todo animado contando o que conseguiu achar de figurinha ao abrir os pacotes, quando consegue negociar alguma coisa que estava faltando. É uma diversão para todos”, finaliza.

 

 

 




 

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