Suspeito de atacar repórter fingiu também ser vítima, o o jovem teria dito ter levado facadas nas pernas enquanto segurava Gabriel para que seu comparsa o esfaqueasse
O menor apreendido como suspeito de atacar o repórter Gabriel Luiz de Araújo tentou fingir também ter sido vítima de ataque. Segundo o delegado Petter Fischer e o delegado Douglas Fernandes, o adolescente chegou a delegacia com ferimentos nas pernas.
“Esse fato nos chamou atenção porque não é normal dois casos tão graves aconteçam em regiões tão próximas”, explicou Douglas. De acordo com ele, o jovem teria levado facadas nas pernas enquanto segurava Gabriel para que seu comparsa o esfaqueasse.
O adolescente, que estava passando uma temporada na casa de um amigo que mora próximo ao local do crime, ao voltar para a residência mentiu que também havia sido atacado. A mãe do colega, preocupada com a situação, o levou ao Hospital de Base de Brasília (HBB), onde o menor foi tratado. Ao decidirem ir para a delegacia para prestar ocorrência, os delegados suspeitaram.
“Ao ser entrevistado, apresentou diversas contradições e por fim acabou confessando que não havia sido vítima de roubo, e que teria levado facadas do próprio comparsa durante a ação criminosa da noite anterior”, disse Douglas.
Dinâmica
Segundo o adolescente, ele teria segurado Gabriel com um “mata-leão”, enquanto o comparsa desferia as facadas. Ainda enquanto o segurava, pegava os pertences da vítima.
De acordo com os responsáveis pela investigação, o crime não teria sido premeditado e ambos os suspeitos teriam utilizado drogas antes do crime. “O menor diz que o outro nem sequer teria anunciado o assalto, ele já teria chegado, de maneira bárbara, esfaqueando o Gabriel. Ambos os envolvidos estavam fazendo uso de drogas e um deles teria chegado “pilhado” e já chegou esfaqueando”, explicou Fischer.
Latrocínio
Atualmente, com a arma do crime e duas confissões, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) já descarta outras hipóteses sobre o crime. “Aparentemente, o caso está seguindo para um latrocínio tentado”, esclarece Fischer.
O latrocínio, ou seja, roubo seguido de morte, se baseia pelo fato dos homens terem levado, ao menos, R$ 250 em espécie da vítima. De acordo com os suspeitos, eles teriam descartado o celular de Gabriel porque sabiam da possibilidade do aparelho ser rastreado.
Segundo os investigadores, os jovens disseram só terem descoberto quem era a vítima nesta manhã, quando viram a comoção. “[Eles] disseram que a motivação do crime foi o uso de drogas e que eles teriam combinado de realizar um assalto na região”, explica Fernandes.
Ainda de acordo com os delegados, os dois suspeitos são de classe média e não tem antecedentes criminais. “Ele [o maior] confessou e disse que já estava fugindo para a região de Paracatu. Ele já estava com 500 euros, que ele teria pego com a mãe”, finalizou Fernandes.
O Ataque
Gabriel voltava para casa a pé, quando foi surpreendido por dois homens que o esfaquearam cerca de dez vezes. Segundo o Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF), o repórter foi encontrado sentada debaixo de uma marquise, tentando conter o sangramento das perfurações no abdômen, pescoço, perna esquerda e pulsos.
Devido à proximidade do Grupamento de Bombeiros do Sudoeste e o local do atendimento, o resgate e o atendimento foram muito rápidos, o que reduziu consideravelmente a perda de sangue de Gabriel.
Em nota, a TV Globo diz lamentar profundamente o ocorrido e que aguarda investigação da polícia. “A Globo lamenta profundamente o o ocorrido. Está aguardando as investigações da polícia e prestando toda ajuda ao nosso repórter e aos familiares. A Globo repudia veemente todas as formas de violência e espera que o caso seja esclarecido o mais rapidamente possível.”
No início desta tarde, Gabriel foi transferido para o Hospital Brasília, no Lago Sul, onde permanecerá até o fim do tratamento. Ele segue na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).