O espectro do radar é capaz de penetrar quatro metros de profundidade no solo, abrangendo quase a totalidade das profundidades de redes nas áreas urbanas
Agora um satélite irá auxiliar na localização de vazamentos de água. A novidade é fruto de uma parceria entre a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a empresa israelense Asterra. O projeto consiste em pesquisar vazamentos por imagem de satélite, recurso que permite gerar maior eficiência e otimizar recursos.
Por meio de satélite, é feito o mapeamento de uma área de interesse que chega a 3 mil km². O espectro do radar é capaz de penetrar quatro metros de profundidade no solo, abrangendo quase a totalidade das profundidades de redes nas áreas urbanas onde é detectada a mistura de solo com água tratada.
A partir de um algoritmo patenteado, a Asterra, que possui mais de 250 projetos executados, filtra os sinais de água tratada misturada ao solo e faz o cruzamento com a rede de distribuição georreferenciada da Caesb. Isso gera pontos de interesse (POIs) com raio de abrangência de aproximadamente 50 m. Com os POIs delimitados, a equipe de pesquisa de vazamentos da Caesb concentrará seus trabalhos nessas áreas, aumentando a produtividade e otimizando recursos. Em linhas gerais, mais vazamentos serão encontrados por dia com o uso dessa tecnologia.
Técnicas de exploração
“O uso de satélite deve reduzir significativamente o trabalho em campo, e os vazamentos poderão ser identificados antes de aflorar, reduzindo o potencial de danos, além de a tecnologia não ser afetada pelo clima, uma vez que pode ser usada com céu limpo ou nublado, de dia ou à noite”, explica o gerente de Gestão de Perdas da Caesb, Elton Gonçalves. Mesmo com o uso dessa técnica, informa o gestor, a companhia segue com a pesquisa tradicional de vazamentos de água por meio de haste de escuta e geofone eletrônico.
Essa tecnologia tem sido aplicada para o setor de saneamento desde 2015, em nível internacional. O BID disponibilizou U$ 100 mil (em valores atuais, cerca de R$ 600 mil) para o projeto, que consiste em pesquisar redes de água tratada em 11 localidades específicas, englobando aproximadamente 320 mil ligações. Em termos de extensão, o projeto abrangerá 36% de toda a rede de água da Caesb e 50% das ligações.
O projeto-piloto de pesquisa de vazamento de água por satélite já foi feito no Gama. Segundo a gerente de Operação de Redes Centro-Norte, Tattiane Batista Soares, a próxima área a ser contemplada é Candangolândia. Primeiro, as equipes da Caesb percorrerão as quadras, distribuindo panfletos e informando sobre ações na região.
Levantamentos
“Essa fase terá foco nos vazamentos visíveis e no registro dos serviços executados entre a passagem dos satélites e o início das pesquisas, que ocorreram entre agosto e setembro deste ano”, esclarece a gerente. “Posteriormente, será realizada pesquisa de vazamentos não visíveis com hastes de escuta e geofones eletrônicos nos cavaletes de ligação, ramais e componentes da rede de distribuição de água. Quando não houver acesso ao imóvel, será deixado panfleto solicitando contato para agendamento da pesquisa.”
Após os trabalhos de pesquisa e da retirada dos vazamentos, novos levantamentos serão feitos para estudo do ganho no volume recuperado, apresentando o impacto na redução das perdas de água e de análise da tecnologia de pesquisa por satélite. Esse deverá ser o modelo empregado para a continuidade da pesquisa para as demais áreas da Caesb.
“O uso de imagens de satélites na potencialização do trabalho de campo para a pesquisa de vazamentos de água nas redes de distribuição pode representar uma economia significativa de recursos e de tempo de ação, colaborando com a melhoria na qualidade de nossos serviços à população do DF”, reforça o diretor de Operação e Manutenção da Caesb, Carlos Eduardo Pereira.
*Com informações da Agência Brasília