10 de novembro de 2024 16:17

Mães relatam experiências e desafios de trabalhar em casa na presença dos filhos.

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A pandemia alterou as relações em todas as esferas e tornou realidade o trabalho em casa. Com o chamado home office, muitas mulheres estão tendo que equilibrar a vida como profissionais, mães e donas de casa, tudo no mesmo espaço. Exatamente assim tem sido a vida das jornalistas Laura Aguiar e Mônica Apocalipse. 

Uma pesquisa feita pela Catho mostra que 92% das mulheres que estão em home office são as responsáveis pelos filhos, que também estão em casa neste período.

  • 92% das mães em home office são responsáveis pelos filhos, diz pesquisa

 

Apesar de contar uma auxiliar para cuidar dos filhos, Mônica Apocalipse, não foge da estatística, pois o papel de mãe conjugado ao extinto materno não a isenta dos cuidados, mesmo em momentos de trabalho.

Desde março de 2020, Mônica, que é especialista em políticas e gestão da saúde, trabalha em casa. A medida de segurança foi adotada pela instituição de saúde da qual faz parte. Nesse novo modelo ela só vai presencialmente ao local físico de trabalho uma vez por semana. Assim, há mais um ano ela passa a maior parcela do tempo em casa, junto com os filhos, Vitor Ribeiro, de cinco anos, e Lara Ribeiro, de oito.

Na casa, não há tanta disputa por atenção, justamente por conta da idade da filha mais velha que já tem as próprias tarefas e atividades. Nesse sentido, apenas Vitor demanda mais proximidade da mãe. Como todo início de mudanças, muitas vezes entender quando a mãe estava disponível era mais complicado. Estabelecida a rotina, Vitor agora consegue perceber em quais momentos Mônica de fato, pode se dedicar a ele.

“Houve um pouco de dificuldade de fazer ele entender que em determinados momentos eu estava trabalhando e não podia dar atenção. Mas a gente vai sempre conversando, explicando. Muitas vezes estou em reunião remota, e sabendo que eu estou em casa ele vem até mim e fala por exemplo ‘mamãe quero fazer cocô’, e aí estou com o áudio aberto na reunião, isso acontece”, contou em tom de risada.

 

Mesmo com a demanda por atenção dos filhos e as interrupções em momentos de trabalho, Mônica tem gostado do home office. Justamente porque tem a oportunidade de acompanhar a evolução dos filhos.

“Sempre que tem um intervalo ou outro eu posso ajudá-los com alguma coisa. Muitas vezes entre as reuniões e as trocas de e-mails eu posso me dedicar. Então, avalio como algo positivo que se eu estivesse as oito horas fora de casa trabalhando não seria possível”, descreveu.

 

A psicóloga Amanda Paz Amaral, fala exatamente dessa aproximação. Para ela, o momento de pandemia foi essencial para aproximar ainda mais as mães dos filhos, que em outro momento, eram deixados sob o cuidado de outras pessoas enquanto a jornada de trabalho era cumprida pela figura materna.

“O laço mãe e filho é reforçado diariamente com a presença maior de ambos em casa. Em oito horas de ausência, uma mãe certamente perde momentos preciosos dos filhos que jamais são recuperados e essa presença contínua faz marcas na personalidade do filho em seu processo de crescimento. Para quem tem essa oportunidade, poder aproveitá-la, certamente trará bons resultados”, pontuou.

 

Por outro lado

 

Por outro lado, a aproximação cotidiana dos filhos com as mães pode revelar momentos estressantes, já que, dependendo da idade e personalidade, os filhos exigem atenção em tempo integral e muitas vezes não conseguem ter discernimento sobre o que é momento de trabalho e o que não é. “A criança vê a mãe em casa em tempo integral e quer atenção em todos os momentos. Dependendo da idade não fica claro para ela quando a mãe está disponível ou não”, destacou Amanda.

Ainda segundo a psicóloga, a presença integral de mães e filhos em casa, pode resultar em um contraste, que se não for administrado, muitas vezes se tornam conflitos. Foi exatamente essa experiência conflituosa que a jornalista Laura Aguiar teve que enfrentar quando foi liberada para trabalhar em casa.

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A filha, Antônia Souza, de nove anos, nunca esteve tão próxima da mãe quanto neste momento de pandemia. Com pouco mais de um ano, ela já frequentava a creche e, em seguida, escolinha, e assim foi até o ano passado. Estar longe da mãe que sempre teve que lidar com mais de uma jornada de trabalho, era uma realidade. Com a pandemia, tudo mudou e com as mudanças veio o choque da convivência.

“Posso dizer que agora, depois desses nove anos de vida da minha filha que eu estou conhecendo ela de fato. Porque antes ela sempre esteve sob os cuidados de outras pessoas e esse foi período em que eu mais estive próxima dela. Portanto, depois do primeiro choque dessa convivência tive que adaptá-la ao meu jeito, quanto à disciplina por exemplo, já que ela vivia com regras dos lugares e pessoas que cuidavam dela por mim, enquanto estava ausente no trabalho”, contou.

 

A rotina agora está totalmente dividida entre atender às demandas da filha e o home office. O instinto materno não deixa de lado a obrigação de determinar o horário de acordar, o limite de tempo vendo TV ou mesmo sobre o uso do celular. Além disso, Laura ainda precisa se atentar se às atividades da escola, também remotas neste momento, que estão sendo cumpridas.

Todos os obstáculos escancarados por conta da pandemia fizeram com que Laura retomasse à terapia. Para ela, uma atitude fundamental para lidar com todo o baque da convivência

“Sem dúvidas a terapia me ajuda muito. Em casa, é preciso continuar com muito diálogo. Mas a verdade é que, o saldo final disso tudo é positivo. Estou tento um valioso tempo com minha filha que em outro momento eu não teria. Eu estou tendo a oportunidade de cuidar de tudo que diz respeito a ela, por exemplo a alimentação que é muito importante e agora está bem mais saudável, entre tantas outras coisas que diem respeito ao crescimento dela. Então, mesmo diante dos desafios, apesar do percurso ser às vezes pesado, o saldo final é sim, muito positivo e gratificante”, finalizou.



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