1 de outubro de 2024 19:38

Pandemia leva brasilienses a se preocuparem com peso, já que obesidade é fator de risco.

Durante a pandemia da covid-19, uma preocupação a mais tomou lugar na vida de quem pôde se manter em casa, em isolamento social. A médica Jamilly Drago, endocrinologista do Hospital Brasília, explica que quatro em cada 10 pessoas aumentaram o peso de forma significativa, com ganhos entre oito e 12 kg nos seis primeiros meses da pandemia. “As pessoas em confinamento passaram a ‘beliscar’ os alimentos, não se exercitar, comer produtos mais palatáveis e estocar chocolates e bebidas alcoólicas. O estresse, a depressão e a ansiedade levam à produção de hormônios como o cortisol, que eleva a glicemia e pode causar aumento de peso, com acúmulo de gordura, principalmente central”, explica a endocrinologista.

No entanto, a médica ressalta que houve quem aproveitou o momento em casa para mudar os hábitos e adquirir rotinas mais saudáveis para emagrecer. É o caso de Laura Valença, 26 anos, psicóloga clínica e pós-graduanda em transtornos alimentares, obesidade e cirurgia bariátrica. Desde novembro de 2019, a moradora de Sobradinho perdeu 40 kg — 23 deles durante a pandemia.

“Na época em que comecei a perder peso, estava estudando psicologia alimentar e passava por um momento muito estressante. Os primeiros quilos que perdi foram fruto de perda de apetite. Vendo o progresso do meu corpo e gostando das mudanças, resolvi buscar ajuda de profissionais da saúde. Eu me preocupava em voltar à obesidade, uma vez que essa era uma das comorbidades mais perigosas para a covid-19”, relata a jovem, em quem o processo normalizou as taxas de pré-diabetes e colesterol. “Achava que seria fútil da minha parte não aceitar meu corpo. Passei por anos de terapia, o que foi uma das minhas maiores ferramentas, tanto como paciente quanto como profissional”, continua Laura, que também é pós-graduanda em psicanálise, psicopatologia e a clínica do inconsciente.

Corpo e mente

O cuidado com o fator emocional também foi decisivo para que a analista de políticas públicas Yasmin Scheufler, de 29 anos, emagrecesse 10 kg em seis meses de pandemia. “Passei a trabalhar de casa e comecei a comer mais. Minha vida era ativa, e foi uma mudança muito radical passar para o home office, com a impossibilidade de fazer exercícios fora de casa. Consultei, então, uma nutricionista no segundo semestre de 2020”, relata a moradora da Asa Norte. O processo da jovem incluiu pequenas alterações que fizeram toda a diferença. “Passei a me alimentar mais vezes ao dia, de forma controlada, medindo a quantidade de cada um dos elementos, comendo menos carboidratos e, pelo menos, metade do prato de salada. O exercício físico, que não era constante, virou regular, acabou sendo um escape psicológico e passei a me exercitar ao ar livre”, relembra Yasmin. “Antes da pandemia, eu tinha dificuldades na constância da atividade física, mas a necessidade de não enlouquecer dentro de casa me moveu a buscar mais isso”, continua.

A nutricionista funcional vegetariana Shila Minari conta que recebeu muitos pacientes em busca de reorganização do dia a dia. “Muitos não tinham hábito de cozinhar e comiam em restaurantes. Há as pessoas que pioraram a alimentação, principalmente por conta da ansiedade e do medo, ficaram sem rotina e perspectiva. Mas também houve pessoas que, pelo fato de estarem trabalhando em casa, tinham mais espaço para cozinhar a própria comida e não perdiam mais tempo no trânsito, além de não precisar mais socializar saindo para comer, o que acabou facilitando”, pondera a nutricionista, para quem a visão predominante deixou de ser imediatista e passou a níveis de preocupação com a saúde. “Com a pandemia, muita gente passou a querer perder peso para diminuir o risco de ser acometida pelo vírus, por causa das comorbidades. Percebi que muitas pessoas não queriam dietas restritivas, mas ter hábitos mais saudáveis e cuidar da imunidade”, completa.

Equilíbrio

Tanto as profissionais quanto as pacientes concordam que dietas extremistas não funcionam para quem quer emagrecer. “Muitas vezes, fazemos dietas e atingimos resultados, mas voltamos a ganhar peso porque as questões psíquicas não foram bem trabalhadas. Não é interessante passar para extremos, sair de uma dieta excessiva para uma insuficiente, que visa unicamente atingir um corpo não natural. Transtornos alimentares são perigosos quando envolvem o excesso e quando envolvem a falta”, reflete Laura. Shila Minari concorda. “É nítido que, quando dietas restritivas funcionam, é só a curto prazo. Esses regimes trazem muitos prejuízos para a saúde. Além do efeito rebote, podem trazer problemas de imunidade. Quando uma dieta de pouquíssimas calorias é feita, a pessoa pode ter um quadro de imunossupressão, o que aumenta o risco de pegar infecções oportunistas. E, nesse momento, principalmente, precisamos cuidar muito da imunidade”, orienta a nutricionista.

Confira dicas para mudar hábitos com saúde

» O foco tem que ser tornar a dieta mais nutritiva e comer mais saladas, legumes e frutas, mesmo que seja mais fácil comprar alimentos que podem ser estocados e guardados por muito tempo, para que a alimentação não seja baseada em produtos industrializados. Há casos de pacientes obesos e desnutridos, porque comem poucas
variedades de nutrientes.

» Comer mais alimentos integrais e beber bastante água.

» Procurar formas de lidar com a ansiedade, como se exercitar regularmente, seja em casa seja com uma caminhada. Meditação, terapia, hobbies, ler livros, estudar e fazer cursos ajudam a tirar o foco da ansiedade na comida.

» A rotina de sono, muito alterada pela pandemia, além de piorar a qualidade do descanso noturno, atrapalha a alimentação e o cronograma de exercícios físicos, gerando mais ansiedade.

» Manter a atividade física, com 150 minutos por semana para quem está sedentário, e 300 para quem já tem prática, inclusive com exercícios de resistência muscular, como musculação, pilates e atividades funcionais, que podem ser feito em casa.

» Ter refeições estabelecidas com horários, sentar à mesa com a família para alimentar-se com tranquilidade. Não é necessário comer a cada três horas, mas respeitar a fome e a taxa de calorias diária, que deve ser individualizada

» Ter horário para acordar e dormir.

» Fazer exames rotineiros para identificar doenças associadas, como diabetes e distúrbios do colesterol, avaliar a tireoide e fazer o controle da taxa metabólica de repouso. Procurar orientação com endocrinologistas, nutrólogos e nutricionistas.

» Ter atenção plena sobre ações e novos hábitos. A manutenção deve ser chamada de novo estilo de vida.

Fontes: Jamilly Drago, endocrinologista do Hospital Brasília, e Shila Minari, especialista em nutrição esportiva funcional e em fitoterapia e suplementação nutricional clínica e esportiva, doutoranda em nutrição humana na área de vegetarianismo.

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