A ideia, segundo Cairê Moreira Rosário, é dar liberdade de criação e expressão ao consumidor, sem a imposição de padrões.
Revolucionando o mundo da moda e acabando com os modelos pré-determinados P, M e G, o especialista em moda 3D Cairê Moreira Rosário criou o programa “Ateliê 4.0”, que escaneia digitalmente e projeta o corpo, definindo medidas precisas. Esse é o início de um novo modo de confeccionar e comprar roupas.
A ideia, segundo Rosário, é dar liberdade de criação e expressão ao consumidor, sem a imposição de padrões. “As novas gerações têm um desejo pelo novo, a maioria tem problemas em chegar numa loja de varejo e a roupa não encaixa no seu tipo de corpo. Junto dessas duas informações passei a oferecer para os meus clientes opções e eles falavam que era impossível, não tinha como, então junto com a animação 3D pensei em soluções. A tecnologia e a inovação me ajudaram a mudar o conceito de fabricação de roupas”, destaca.
Na plataforma, sensores reproduzem uma réplica digital do corpo do cliente. O escaneamento corporal com design tridimensional é a base para modelagem e corte das peças. “Para tirar medida no lugar da fita métrica eu usava um scaner 3D, onde eu digitalizava o corpo do cliente e desenvolvia a roupa no computador. A técnica da indústria 4.0, me ajudou a tirar o projeto do papel, escalável e monetizar”, explica o designer.
Mia
Além de desenvolvedor do Ateliê 4.0, Cairê também desenvolveu a primeira modelo digital e influencer brasileira, a Mia. Com ela, foi possível reduzir gastos com modelos e fotógrafos.
A moda e a era digital
Em 2018, segundo a Cognizant, a alfaiataria digital foi considerada como uma das profissões do futuro e foi tendo isso em vista que Cairê realizou estudos e percebeu que as pessoas têm buscado cada vez mais roupas customizadas e sob medida.
Atualmente, o mercado de moda tem disponibilizado muitos recursos tecnológicos, como softwares que ajudam a melhorar a proporcionalidade da roupa e equipamentos eletrônicos de corte, passaram a ser incorporados à produção de vestuário sob medida.
“Além de inovador, esse método pode mudar nosso pensamento em relação a tamanhos padronizados pela indústria, nos quais todos temos que nos adaptar. E poderá servir tanto para a peça única como para a produção em escala”, diz Cairê, que aponta para um futuro no qual não precisaremos comprar modelos pré-fabricados.
O projeto
As novas gerações buscam tendências para criarem seu estilo, fazem uso de conteúdos específicos, culturamente usamos o que é entregue no varejo. Agora é o consumidor quem dita tendência. Analisando o mercado, o público e os números Cairê Moreira entendeu que era o momento de investir em seu projeto.
“O início não foi fácil. As pessoas não acreditavam que era possível usar a tecnologia para fabricar roupas e o investimento foi próprio. Todo o projeto custou R$ 70 mil. Quando começou a funcionar consegui me destacar, chamando atenção e ganhando relevância, acreditando mais em mim e abrindo portas”, relembrou.
Para investir no seu projeto e mostrar que a moda 3D pode tornar uma realidade, era preciso entender como o mercado funcionava para depois chegar na indústria. “Eu sabia onde queria chegar, fui de degrau em degrau em busca desse sonho. Descobri a dor do cliente, descobri as tecnologias academicamente, isso me levou para uma área da confecção. Foi um crescimento descentralizado, buscava conhecimento de acordo com a necessidade, independete da área de atuação”, relembrou.